domingo, 2 de dezembro de 2012

Memórias de memória... Poesia

 FOTO da NET: "Chuva no deserto"

*A FESTA da CHUVA

Lá no meu deserto
onde a areia se escorre
com as levadas duma garroa
o tempo é quente

húmido de neblinas
abençoados cacimbos
deixando da noite p'ro dia
umas gotinhas pingos
naquela vegetação rasteira
E... no areal de fina areia
quando vento vem soprar
há uma chuva d'areia
que circula pelo ar
não pinga... voa...voa
e cai... cai de fininho
como chuvinha a picar...

Então chega um ano

em que o céu vira engano
uma cor vinho tinto
entremeada de azul indigo
lá se pinta de repente...
É a festa da mulecagem
na escola tudo à janela
Lá vem chuva... lá vem ela...
Até a professora espreita
olhando o céu que já pinga
à ordem de saída
p'ra rua uma corrida
braços abertos ao céu
a chuva cai mais grossa
maior é o escarcéu...
No chão já faz poça
as batas branquinhas
ao corpo coladinhas
É a chuva que chegou
festa de chuva molhada
até há quem nunca a provou
dada a idade menos avançada...

Mais parecem uns garajaus

gaivinas ou outra pernalta
depois dum belo mergulho
água de mar ali não falta...
Há gritinhos de guerra
alarido de satisfação
Há chuva na nossa terra
cai... pinga... molha
mas não tem maldição
molha que molha... molha
cai chuva no nosso coração...

Recordação de um tempo

onde a vida era criança
até chuva temporária
ocasional... era esperança
Parece estória lendária
p'ra quem nunca viveu
uma festa como esta...
Na FESTA da CHUVA
tanto me diverti EU!



de:aileda/adeliavaz
(in "memórias de memória de aileda")


2 comentários:

Anónimo disse...

Lá no meu, no nosso Deserto, a água da chuva, de tanto chorar, atravessa uma estrada, na estrada do tempo, de um tempo intemporal.
RÉJO MARPA

REJO MARPA disse...

Lá no meu, no nosso Deserto, a água da chuva de tanto chorar, atravessa uma estrada, na estrada do tempo, de um tempo imtemporal.
RÉJO MARPA

P.S. Por lapso, a mensagem acima, assinei como anónimo, mesmo tendo por baixo o nome... as minhas sinceras desculpas...